terça-feira, 27 de abril de 2010

O maldito "jeitinho"

Alguns meses atrás fui ao casamento de uma prima que estava de mudança para a Austrália. O comentário do meu pai a respeito foi: "Não entendo esse pessoal que sai do Brasil só por sair, mesmo sem ter nada acertado no outro país. Não consigo entender essa vontade de ir embora daqui. Estamos em um momento de grande potencial de crescimento, com muitas oportunidades aqui e o pessoal quer sair?".

Bom, tem dias em que eu entendo. Você escuta cada coisa no seu dia-a-dia que chega a desanimar, mesmo. Alguns exemplos:

1 - O sonegador

Em reunião hoje, com um cliente, o cidadão me disse o seguinte: "Ah, mas eu não pago ICMS não. Eu vendo tudo com nota, mas não pago não. Uns anos atrás, na época do Covas eu estava devendo mais de R$ 350.000,00 para o estado e veio uma anistia. Acabei pagando só R$ 50.000,00. Os próprios fiscais já falam para dar uma barrigada no imposto que logo, logo vem uma anistia...".

Pôrra. E está certo isso? O governo premia o picareta?

E não é só ICMS não. Também conheço gente que não paga nem o IPTU, porque a cada 4 ou 5 anos rola uma renegociação e acabam pagando só uma fração.

E nós que pagamos tudo direitinho? Somos o quê? Otários? E os concorrentes desse cara, competem como com ele?

2 - O espertão

Jantando com um pessoal (que nem conhecia, aliás), na 5a feira passada, me aparece uma advogada metida a esperta contando toda risonha como convenceu o pai dela a sair de um congestionamento na estrada pegando o acostamento. "Ah", disse ela, "não fava para ficar 3 horas no trânsito com a minha filha reclamando na minha cabeça".

Pôrra. E a gente que fica na fila? Somos o quê? Manés?

3 - O estádio

Li ontem no Lance o caso de um camarada que comprou 3 ingressos na numerada do Pacaembu e não consegiu sentar. Chamou um policial, mas não resolveu nada. Isso também me aconteceu várias vezes no Morumbi: você compra o lugar numerado na área mais cara, cheia de placas de "respeite o seu lugar", mas tem um bosta sentado na sua cadeira que não sai. Aí é você que tem que sentar na cadeira de outra pessoa e ficar lá, torcendo para o dono não aparecer, pois senão quem vai ter que fazer o papel do filho da puta é você.

E adianta chamar o segurança ou o policial? Não. Porque não resolvem merda nenhuma. E o povo do caralho que está sentado em volta ainda dá razão pro cara que está no seu lugar e você toma uma vaia.

4 - O porco

No sábado fui no Simba Safari com meu filho. Não é que tem nego que fura a fila de carros dentro do Simba Safari? O cara está lá para quê? Para apostar corrida?

Na saída tem uma lanchonetezinha. Paramos para comer um sorvete e estava lá um moleque de uns 10 anos com os pais. O pôrra do moleque abriu um salgado e jogou o papel no meio de um jardim que tem por ali. Cara, JURO POR DEUS, tinha 5 lixeiras daquelas coloridas, para lixo reciclável, à vista. O moleque teria que dar 5 passos para chegar na mais próxima, mas jogou o papel no jardim, na maior, bem na cara de um senhor de uns 50 anos que estava fazendo a limpeza.

Os pais deste bostinha lhe deram uma bronca? Não. Nem se tocaram, pois no mínimo isso é o normal para eles.

Enfim, tem dia que dá desânimo mesmo. Dá vontade de ir embora e deixar que esse povo corrupto, safado, porco e sem educação se afunde na própria merda. Mas tem um problema: desistir significaria que essa parcela escrota da população venceu...