domingo, 16 de janeiro de 2011

Contra um mundo melhor

Eu nunca fui fã de ideologias de esquerda. Hoje em dia pode não ser lá muito sexy, ou “polticamente correto”, se declarar como de centro-direita, mas o “polticamente correto” também nunca foi o meu forte.

Costuma-se ver a aversão a ideologias de esquerda como uma falta de preocupação social, mas posso garantir que não é o caso. Na realidade, eu apenas não concordo com a visão de que as virtudes estariam todas com o proletariado e os vícios com as elites.

Este posicionamento me trouxe uma certa afinidade com os textos do Arnaldo Jabor, que me habituei a ler no Estadão semanalmente. Para quem mora em São Paulo, a opção entre Folha e Estadão é meio como uma opção entre Lions e Rotary: não são posições contrárias, mas dificilmente quem entra em um passa para o outro, de modo que eu não tinha tido nenhum contato com os textos de Luiz Felipe Pondé (colunista da Folha), até comprar o livro “Contra um mundo melhor: ensaios do afeto”, da editora Leya.

Luiz Pondé é um psicanalista e filósofo que escreve na Folha desde 2008 e o livro é uma coletânea de ensaios sobre uma grande variedade de assuntos, como dinheiro, o relacionamento moderno entre homens e mulheres, felicidade, etc.. O que o torna irresistível é a abordagem polêmica, cética e ácida, também profunda e cheia de referências a diversos ramos da filosofia.

Como dito na contra-capa do livro, Pondé escreve “contra um mundo que mente sobre si mesmo”, e já desde as primeiras páginas você percebe se vai adorar ou detestar os textos, mas não acho possível ficar indiferente. Também não acho possível concordar com todos eles, mas recomendo que sejam lidos até o fim, embora possam causar danos a algumas sensibilidades . E podem também surgir algumas surpresas, especialmente se você estiver entre as “três ou quatro pessoas” que chegarão até o último.

Apenas como aviso para quem se interessar em adquirir o livro, vai aqui a recomendação do autor sobre quem não deve comprá-lo:

“Se você se acha uma pessoa equilibrada, dessas que respeitam o parceiro no amor, que creem na igualdade entre os sexos como adorno na sua cama de casal, que comem apenas comida saudável, que conversa com plantas porque se julgam mais consciente, que se julgam sensível e honesta, que reciclam lixo, feche este livro. Todas as poucas palavras que encontrará aqui são contra você. Você é um mentiroso, ou uma mentirosa. (...) Dedico horas do meu dia a pensar em formas variadas de fazer gente como você sofrer.”

Como eu disse, irresistível. Leia.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Neologismos

Felizmente parece que a mídia está adotando a forma "a presidente" para se referir à nossa nova timoneira. Como se já não bastasse ter que aguentar os Bonner dizendo "no Recife" e "Roráááima", só faltava ter que ouvir "a presidenta" por aí.

Aliás, por que "no Recife"? Nós falamos "em Natal" e "em Salvador", não é? Sempre foi "em Recife". Por que raios agora é "no Recife"? Até dói nos ouvidos.