sábado, 9 de setembro de 2017

O homem que amava os cachorros

Escrito pelo premiado cubano Leonardo Padura, “O homem que amava os cachorros” (Boitempo, 2013) é um thriller histórico excelente sobre o exílio imposto a Trotski por Stalin e sua posterior caçada pelo assassino espanhol Ramón Mercader no final da década de 30. 




Em forma de romance, alternando 3 pontos de vista diferentes (o do próprio Trostki, o de Mercader e o de um escritor cubano que tem contato com a história décadas depois), é um relato histórico detalhado de um episódio pouco lembrado, tendo por fundo três revoluções desvirtuadas e perdidas: a russa, a espanhola e a cubana. 

O livro acompanha a última década da vida de Trotski, já considerado por Stalin um traidor e contrarrevolucionário, iniciando por seu exílio em Alma-Ata, na União Soviética, e continuando por sua deportação e posteriores exílios em Prinkipo (Turquia), França, Noruega e México, ao mesmo tempo em que narra o recrutamento e transformação do revolucionário espanhol Ramón Mercader em Jacques Monard, que veio a assinar Trotski no México em 1940. 

Mais do que contar a história dos últimos anos de Trotski, Padura descreve o ambiente de terror vivido na União Soviética nos tempos dos expurgos stalinistas, expõe a lógica que levou o governo soviético a assinar o pacto de não-agressão com a Alemanha nazista em 39 e que deixou Hitler livre para dominar a Europa, mostra como as divisões internas entre os diversos grupos na revolução espanhola contribuíram para o seu fracasso e retrata a atmosfera de fome e desespero que assolou Cuba após o fim da União Soviética, mas, acima de tudo, é um relato da admirável tenacidade e resiliência de Trotski e da fé na sua causa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário