segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Filósofo e o Lobo

Existe uma tipo de livro que você só compra mesmo se alguém indicar. Daquele tipo que fica escondido na livraria, longe das pilhas de Ken Follet, Dan Brown e Paulo Coelho. Felizmente eu já adquiri há algum tempo a mania de ler resenhas em jornais e revistas e algums entrevistas com escritores, o que facilita bastante a tarefa de encontrar coisas boas que nunca vão chegar à lista dos 10 mais vendidos da semana.

A última boa surpresa foi “O Filósofo de o Lobo” de Mark Rowlands, que me chamou a atenção por uma entrevista de Rowlands ao Caderno 2 do Estadão. Eu tentei baixar no Kindle, mas não estava disponível e acabei esquecendo do livro, até que dei de cara com ele na Livraria da Vila. Por azar (ou incompetência do editor), o livro ganhou o subtítulo infeliz de “lições da natureza sobre amor, morte e felicidade”, o que espantaria qualquer pessoa de bom senso, mas eu comprei assim mesmo.

Em linhas gerais é uma espécie de autobiografia de um período específico de uns 12 anos da vida de Rowlands, em que viveu na companhia de um lobo que comprou ainda filhote, quando era um professor recém-formado de filosofia nos Estados Unidos, e que se tornou importantíssimo em sua vida e exerceu uma enorme influência em sua obra. Entretanto, o lado autobiográfico é apenas um pretexto para que Rowlands apresente o seu trabalho e reflexões sobre uma variedade grande de assuntos, incluindo morte e felicidade, como diz o famigerado subtítulo.

A melhor definição de Rowlands está na própria contra-capa, onde um comentário da Oprah Magazine o apresenta simpaticamente como um “misantropo colérico” - depois de umas 10 páginas você já concorda plenamente. Por outro lado, a clareza de seu raciocínio e a profundidade com que aborda cada questão levantada cativam rapidamente e fazem com que o texto conduza a reflexões no mínimo incomuns.

Cada tópico segue uma linha de abordagem baseada na comparação entre a condição humana e a do lobo (pelo menos, a de Brenin, este lobo específico), cruzando com referências a obras dos grandes filósofos de Aristóteles a Nietzsche, o que torna a leitura bem mais interessante que a de outros livros de “filosofia popular”. Eu gostei demais e recomendo – está naquele grupo seleto de obras que você dificilmente vai esquecer e que muito provavelmente vai ler novamente em alguns anos.

Finalizando, se você se interessou, leia logo. Pelo que estou sabendo, corre o sério risco de virar filme em breve e não vejo como possa escapar de se tornar um novo "Marley e eu", o que seria uma enorme, enorme injustiça.

PS – Relendo esse post, fico com uma impressão de que possa ter dado um ar pejorativo ao gupo “Ken Follet, Dan Brown e Paulo Coelho”. Não era essa minha intenção. Tenho pilhas de Ken Follet’s e Dan Brown’s na estante e seria hipócrita se disesse que não gosto deles. Só tenho ainda um certo preconceito contra o Paulo Coelho, mas um dia ainda crio coragem e leio alguma coisa dele (com tanta gente lendo, não é possível que seja ruim, não é?).

domingo, 8 de agosto de 2010

Lembretes

O tempo cura tudo, é verdade. O lado ruim disso é que o tempo o faz apagando ou alterando boa parte das nossas lembranças. Em grande medida, esta é uma das razões de ser deste blog - um registro rápido das impressões que um livro, um fime ou uma situação me causaram, feito quando essas impressões ainda eram frescas e sem sofrer com o desgaste do tempo.

No caso específico dos livros, o problema com esta idéia (é, ainda não me rendi à nova ortografia), é que foram lidos há muito tempo e, em muitos casos, nem tenho mais as cópias para dar uma relembrada.

Deste modo, resolvi que de tempos em tempos vou criar um post com uma relação de obras que gostaria de indicar para o Leo quando ele crescer, mas que ele vai ter que garimpar, pois já não estão mais na nossa prateleira. Quando possível, a indicação vai acompanhar um link para a Wikipedia ou uma outra referência para facilitar esse trabalho.

Começando, portanto:

- Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
Livro fantástico, que me foi emprestado pelo falecido Prof. Ubaldo, amigo de minha sogra e revisor da minha dissertação de mestrado, a quem agradeço pela indicação inestimável. Uma das passagens que eu nunca esqueci: "Natura deficit, fortuna mutatur, deus omnia cernit" (numa tradução livre: "A natureza engana, a sorte muda, um imperador observa tudo do alto").

- A Escolha de Sofia, de Willian Styron
Também emprestado pelo Prof. Ubaldo. Novamente obrigado, obrigado! Quem consegue se esquecer do Nathan?

- Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago
Ainda não vi o filme, mas o livro é MUITO bom.

- Ponto de Mutação, filme baseado no livro homônimo de Fritjof Capra
Não li o livro, então não posso opinar, mas o filme é excelente. O problema é que é muito difícil de achar. Até hoje só foi lançado em VHS e não existe em DVD nem no exterior. O nome em inglês é Mindwalk.

- O Enigma do Quatro, de Ian Caldwell e Dustin Thomason
Romance que gira em torno do misterioso e controverso livro Hypnerotomachia Poliphili. Bem inferior à lista acima, mas é um romance muito bacana.

Por hoje é só isso. Eu espero postar mais algumas listas como essa aos poucos, mas até que fiquei bem satisfeito com esta aqui.

P.S. - Só por curiosidade, tentei encontrar os dois primeiros livros da lista na Cultura, mas ambos estavam "Esgotados na Editora". Bom sinal, porque quer dizer que são bons. Mau sinal, porque eu deveria ter xerocado antes de devolver...

Dia dos Pais

Como hoje é dia dos pais, resolvi mudar um pouquinho a linha do blog e publicar este post apenas para deixar registrada a obra-prima que ganhei do meu pimpolho...


Como se pode ver, é melhor continuar pagando escola para ele, pois a carreira de artista não é nada promissora ;-).

Feliz dia dos pais!