domingo, 21 de novembro de 2010

A trilogia Millennium de Stieg Larsson

Andei lendo algumas coisas interessantes nos últimos tempos, mas uma que vale a pena registrar é a trilogia Millennium do sueco Stieg Larsson.

Não chegam a figurar na lista dos mais vendidos no Brasil, mas você vê a capa de pelo menos um dos três volumes com muita freqüência nas livrarias. Larsson foi um jornalista, falecido em 2004, aos 50 anos, que aparentemente não chegou a ver seus livros publicados e muito menos a saber que venderam mais de 15 milhões de cópias pelo mundo.
São três thrillers policiais com uma forte orientação política, em que os personagens principais são um jornalista (Mikael Blomkvist) e uma hacker desajustada (Lisbeth Salander). Até o momento eu li dois dos volumes: “Os homens que não amavam as mulheres” (tradução inspiradíssima do título original: “The girl with the dragon tatoo”), e “A menina que brincava com fogo” (aí sim, “The girl who played with fire”). Ainda falta ler “A rainha do castelo de ar” (“The girl who kicked the hornet’s nest”), mas como vou dar um tempo antes de começar este último, preferi fazer uns comentários assim mesmo.

O primeiro comentário, claro, é porque raios a editora no Brasil precisava bagunçar tanto os títulos? Eu li o primeiro em papel e o segundo no Kindle e quase comprei o primeiro volume em duplicidade por causa dessa zona com os nomes. E aliás, o nome do autor é Stieg ou Stig? Já vi capas impressas dos dois jeitos, dependendo da edição e da língua. Mas enfim, isso é secundário.

Demora um tempinho até você se acostumar com um texto sueco. Os nomes das pessoas e dos lugares são bizarros e no primeiro volume a coisa fica realmente confusa, tamanha a quantidade de personagens e a falta completa de noção que temos sobre se alguns nomes suecos são masculinos ou femininos (há até uma página com uma árvore genelógica para tentar facilitar, o que demonstra que o problema não é só meu), mas passadas umas cem páginas, dá para acostumar.

O primeiro volume trata de uma investigação de Blomkvist a respeito do desaparecimento de uma jovem mais de quarenta anos antes em uma cidade do interior da Suécia, em que é auxiliado por Salander. É realmente excelente e pode ser lido sozinho, mesmo que você não ache que vai ter paciência para as cerca de 1.500 páginas dos três volumes combinados. Como disse, é um thriller policial, mas tem uma pegada política e jornalística que deixa o texto muito interessante.

O segundo volume trata do envolvimento de Salander com o assassinato de dois jornalistas e da tentativa de Blomkvist de ajudá-la a provar sua inocência. Este fica meio estranho se lido sozinho e é um pouco inferior ao primeiro, mas também é acima da média.
Mesmo se você não estiver a fim de encarar a trilogia, leia o primeiro volume. É uma boa estória e vale a pena para ter um contato com um texto vindo de um lugar improvável como a Suécia. Assim que ler o terceiro volume, eu adicionarei aqui um comentário sobre ele também.

OBS – E por incrível que possa parecer, foi melhor ler no Kindle em inglês do que no papel em português. Para ler livros grandes, o Kindle é mesmo imbatível (no conforto e no preço do livro).