sábado, 4 de julho de 2009

Boltzmann e Dilbert

Quem foi que Dilbert não é cultura? Pode ser inútil, mas ainda assim é. Eu assino um serviço que manda diariamente uma tirinha do Dilbert, que de vez em quando traz umas piadas não muito óbvias. Uma delas foi a abaixo:



Ok, ele dá uma prévia, mas o que afinal é a tal "Boltzmann Brain Hypothesis". Talvez você saiba, mas eu não tinha a menor idéia e fui pesquisar...

Ludwig Boltzmann foi um físico e filósofo austríaco nascido em Viena, em 1844. Um de seus principais trabalhos na física foi sua colaboração na formulação da Teoria Cinética, em que utilizou a composição e movimento moleculares dos gases para explicar suas propriedades macroscópicas (como temperatura, volume e pressão). Basicamente, a teoria afirma que a pressão não se deve à repulsão entre as moléculas, mas sim às colisões entre moléculas movendo-se a diferentes velocidades. Uma descrição mais detalhada pode ser vista em:


Mas o que me interessava era o aspecto filosófico do trabalho de Boltzmann, muito relacionado ao seu trabalho na física. Ele formulou o chamado "Paradoxo do Cérebro de Boltzmann". Vamos a ele.

Uma das interpretações da 2a Lei da Termodinâmica, adotada por criacionistas, é a de que entropia do universo sempre aumentaria, levando o universo obrigatoriamente da ordem à desordem. Com base nesse ponto de vista, a pergunta que Boltzmann visava responder era: porque, então, nós observamos um nível tão alto de organização no universo (ou seja, uma entropia tão baixa)?

Boltzmann sugeriu que o mundo de baixa entropia que percebemos é resultado de uma flutuação aleatória em um universo de alta entropia. Haveriam flutuações estocásticas na entropia, mesmo que este universo estivesse próximo do equilíbrio e, dado o imenso tamanho do universo, poderiam haver flutuações grandes (embora extremamente raras), que ocasionariam o nível de organização que percebemos.

O que nos leva ao conceito de Cérebro de Boltzmann: se o nível de organização da realidade que percebemos, em que bilhões de entidades auto-conscientes coexistem, é o simples resultado de uma flutuação aleatória, então é muito mais provável que esta realidade seja na verdade o resultado apenas da existência de um único cérebro auto-consciente, formado do caos, e que cria suas próprias memórias e percepção da realidade. 

Em outras palavras, é infinitamente maior a probabilidade de surgir uma única entidade auto-consciente a partir do caos do que as bilhões que percebemos. Ou seja, você não existe e eu estou escrevendo isso à toa, em vez de tomar minha cervejinha imaginária.

Um comentário:

  1. Obrigado vou explicou de uma forma compreensível e me inspirou a ler mais sobre o assunto.

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