domingo, 1 de abril de 2012

Encontrando Henrique Cardoso

Alguns domingos atrás fomos almoçar no restaurante Santinho do Instituto Tomie Ohtake. É um restaurante no esquema de buffet self-service, com pratos moderninhos e nada barato, bem do jeito que eu normalmente evito, mas que tem uma área externa boa para quem quer almoçar com dois delinquentes infantis hiperativos de 5 anos e, portanto, virou opção para almoços de família completa.

O interessante foi que estávamos ali, na fila do buffet, com o prato na mão, tentando decifrar o que havia em cada travessa ou pedindo tradução para os garçons, quando demos de cara com o FHC. Ali, no fim da fila, numa boa, esperando a vez dele junto com a gente, sem segurança, sem puxa-sacos, tranquilo e sorridente.

Foi um negócio bacana de se ver. No mesmo país onde qualquer manezinho se acha o rei da cocada, imperam carteiradas daqui e dali e babaquaras semi-analfabetos cheios de dinheiro andam com quatro seguranças em volta, o ex-presidente estava ali, sossegado e discreto, pegando sua saladinha.

Na minha segunda visita ao buffet, ele entrou logo atrás de mim. Confrontado com um prato com uma cara meio estranha, me chamou e perguntou se eu sabia do que se tratava. Do alto da minha imensa sabedoria culinária, que infelizmente se concentra em variações refinadas da combinação carne + batata + arroz, no primeiro momento fui obrigado a assumir minha ignorância. Felizmente, uma rápida consulta à Sra. Blanco, extremamente versada em tais temas, produziu uma resposta satisfatória à presidencial indagação, de modo que pude esclarecer-lhe:

- É purê de pupunha, senhor presidente.

Desprovidos, ele e eu, da audácia necessária à degustação da iguaria, seguimos para a estação das carnes e massas e voltamos para nossas mesas. O almoço ainda rendeu outro encontro (embora sem nova interação), no fogãozinho das tapiocas, mas acabou assim mesmo, sem maiores incidentes ou ocorrências dignas de nota. Isto é, por pouco o Léo não atropelou FHC na hora de ir embora correndo do restaurante, mas isso felizmente ficou no campo do "quase".

P.S.: Será que esta consultoria já me renderia uma aposentadoriazinha de assessor?

P.S. 2: Será que se tivesse sido com o Sarney ou o Collor, a aposentadoriazinha poderia render ainda um adicional de insalubridade?

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