sábado, 7 de abril de 2012

Sobre a notícia de um novo condomínio em Bertigoa

Segundo notícia divulgada no Estado de São Paulo de 31 de março, "um novo condomínio que ocupará uma área de 3,5 milhões de metros quadrados - mais que o dobro do Parque do Ibirapuera, na capital - está em processo de licenciamento ambiental. Caso seja aprovado, cerca de 660 mil m2 de mata de restinga deverão ser desmatados para abrigar casas, prédios, hotéis e centros comerciais".

Fiz uma breve pesquisa e posso estar errado, mas pelo que identifiquei, a área em questão é esta aqui:


Para dar uma ideia melhor, 3,5 milhões de m2 equivalem a uma área de 3,5 km por 1 km de mata. O empreendimento é uma iniciativa da empresa Brasfanta e o projeto não é novidade. Um relatório do Instituto Ekos Brasil de junho de 2008 e disponível no endereço http://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/publicacoes_mata_atlantica/?23280/Diagnstico-Socioambiental-e-Cultural-do-Polgono-Bertioga, já mencionava empreendimento entre outros quatro que estavam em licenciamento na região na ocasião do estudo:

"- Brasfanta Empreendimentos – empreendimento com aproximadamente 3.350 ha, na praia de Itaguaré, a ser instalado sobre área com vegetação de restinga florestal totalmente preservada. Está dividida em três glebas, com previsão de (a) gleba 1 - estrutura náutica, (b) gleba 2 - com 319 lotes unifamiliares, e(c) gleba 3 - com 1.680 unidades multifamiliares;

- Condomínio Guaratuba – empreendimento com 18 prédios de dez andares cada, que ficará na foz do Rio Guaratuba, de frente para o mar e em área de mata ciliar do Rio. Este empreendimento também ocupará parte do Costão Rochoso de Guaratuba; -

 Riviera de São Lourenço – implantação de novos módulos. Várias torres já se encontram em fase de implantação;

- Fazenda Acaraú – megaprojeto que prevê centros comerciais, torres residenciais e lotes, num total de 3.500 ha."

Segundo o que ouvi em entrevista na CBN esta semana, o projeto da Brasfanta foi recusado na primeira tentativa de licenciamento e agora está sendo apresentado novamente, com modificações. Ao contrário do que diz a matéria do Estado, na entrevista foi mencionado que a empresa que está apresentando o projeto agora se chama Buriqui, mas, se a Brasfanta respondeu à reportagem do jornal, é provável que se trate do mesmo grupo.

A questão com esta região é que se trata de uma área importantíssima de restinga, uma das últimas do litoral paulista e que atua como região de amortecimento para o parque da Serra do Mar. É mesmo necessário construir este condomínio bem ali? Há inúmeras áreas já desmatadas e urbanizadas pelo litoral que podem ser usadas para ocupação. É claro que não deste tamanho, nem em locais tão nobres, mas qual o sentido de se derrubar vegetação nativa e rara para abrir novos espaços para ocupação de veraneio, sem necessidade?

Não me entenda mal. Não sou contra, por exemplo, a derrubada de uma área de mata para atender necessidades reais, para obras que beneficiarão muito uma quantidade enorme de pessoas. É o caso, por exemplo, do trecho norte do Rodoanel ou mesmo, vá lá, uma hidrelétrica nova. Só acho que há motivos e motivos para ações deste tipo, mas este aqui, sinceramente, não me parece nada nobre.

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