domingo, 24 de maio de 2009

O Menino do Pijama Listrado

Ganhei a minha cópia do "Menino do Pijama Listrado", de John Boyne no Natal de 2007. Coloquei o livro (bem pequeno, por sinal), na mala e fui passar uns dias na praia. Bom, dois dias depois o livro estava terminado e emprestado, só voltando para a minha estante um ano e meio depois, tendo sido lido por mais de 15 pessoas da família e amigos.

O texto é rápido de ler, inteligente, surpreendente e muito, muito bom. Não vou dizer nada aqui sobre o enredo. Se você, como aconteceu comigo, não souber nada, mas nada mesmo sobre a história, é o ideal. Não pesquise mais nada sobre ele. Não leia crítica, não olhe na Wikipedia, apenas compre e leia (eu vi hoje para vender na Cultura por R$ 16,00, com rating de 5 estrelas).

Foi feita uma versão para o cinema em 2008, que eu ainda não assisti, mas que pretendo ver em breve. Recomendo fortemente aos preguiçosos que o livro seja lido antes.

Na mesma linha, para quem gostar do livro, há um bem inferior, mas também interessante, chamado "O Estranho Caso do Cachorro Morto", de Mark Haddon. Espero escrever sobre ele em breve, mas fica a dica. Se você já leu, desculpe. Eu acabei de estragar parte da graça do "Pijama"...

sábado, 16 de maio de 2009

O Fio da Navalha

Existem livros descartáveis, que você lê e esquece. Existem livros bons, dos quais você sempre vai se lembrar. E existem aqueles poucos e raros que fazem com que você queira lê-los uma segunda vez.

No meu caso, o único livro que li (até hoje, pelo menos), e que me fez abrir mão do tempo que poderia usar lendo algo novo para relê-lo, foi "O Fio da Navalha" de Sommerset Maughan, publicado em 1944.

O meu primeiro contato com o livro aconteceu por volta de 1997, por indicação de meu chefe na época. Eu li uma cópia emprestada e gostei, mas aos 23 anos as coisas ainda são um pouco simples demais. Aos 34 eu resolvi comprar meu volume e ler novamente - desta vez, achei fantástico.

A obra é um romance, contado sob o ponto de vista do autor, sobre a vida de alguns amigos americanos que conhece ainda jovem e com quem tem contatos esporádicos. O centro está em Larry Darrel, um garoto relativamente "normal" que tem sua vida alterada por um episódio traumático durante a 2a Guerra, em que lutou como piloto.

A partir do episódio, Larry passa a dedicar-se exclusivamente à busca de um significado maior para sua existência, inicialmente nos livros e posteriormente por caminhos mais espirituais. A busca transcedental leva-o de Paris para minas de carvão em Lens, para a Alemanha e para a Índia, mas os contatos com o narrador são bastante espaçados e breves.

Entre esses contatos, o narrador se fixa sobre o círculo de amizades em comum com Larry, que incluem sua amiga Sophie, sua antiga paixão (Isabel), seu marido (Gray) e seu tio pseudo-aristocrata (Elliot), um contraponto ao próprio Larry. A evolução desses personagens ao longo do texto e a influência que cada aparição de Larry exerce sobre eles, bem como suas opiniões sobre o amigo são a forma usada por Maugham para apresentar a própria transformação do protagonista.

O livro teve duas adaptações para o cinema: uma em 1967 e uma em 1984, mas ainda não assisti a nenhuma delas. Na verdade, não sei nem se me interessa assisti-las. Para mim "O Fio da Navalha" é ótimo do jeito que está e provavelmente, por melhor que sejam os filmes, seriam uma decepção. Prefiro economizar o tempo e usá-lo para lê-lo uma terceira vez. Daqui a uns 10 anos, possivelmente...

sábado, 9 de maio de 2009

O Investidor Inteligente

Estou lendo "O Investidor Inteligente", de Bejnamin Graham. Depois de ler alguns livros recentes sobre investimentos em bolsa, é bacana pegar um livro mais antigo como esse. O autor foi muito atuante no mercado de capitais décadas atrás e tem no seu currículo a credencial de ter sido professor e mentor de Warren Buffet.

Em linhas gerais, o livro é focado em investimentos de longo prazo, seja em títulos do governo, fundos ou mercado de capitais.  Não se trata de um livro sobre especulação em bolsa, de modo que se você estiver procurando tópicos de análise gráfica, por exemplo, esqueça.

Entretanto, se seu objetivo é fazer investimentos visando aposentadoria e quer diversificar as aplicações entre renda fixa e variável, ele é bastante esclarecedor e tem insights muito interessantes. A leitura é pesada, mas vale a pena.

Uma das pérolas que achei no texto foi uma afirmação de Graham sobre ser extremamente cético com relação à capacidade do investidor médio e não profissional de ganhar do mercado no longo prazo. O que significa? Que em sua opinião, se você montar sua própria carteira de ações, é altamente improvável ganhar mais do que o Ibovespa após alguns anos. Graham inclusive afirma que, num mundo ideal, se fosse possível aplicar em um fundo que replicasse fielmente em sua composição a composição de um índice de bolsa, esta seria a melhor aplicação em renda variável para o longo prazo para o investidor médio (não profissional) e mesmo para alguns profissionais por aí...  

Apesar de ser publicado no Brasil com o apoio da Bovespa, o texto vai muito além do mercado de capitais, incluindo tópicos sobre títulos de dívida, títulos do governo e mais uma série de aplicações. Em muitos casos refere-se ao mercado americano especificamente, mas no geral os conceitos podem ser trazidos para nossa realidade sem muita complicação. Inclui revisões feitas pelo próprio autor e comentários sobre os capítulos feitos por especialistas no assunto. Gostei muito e recomendo. 

Em tempo: os tais fundos que replicam índices da bolsa, que não existiam na época da redação do livro, já existem hoje. O mais conhecido por aqui é o PIBB (PIBB11), criado pelo BNDES e que replica o IBRX50, mas já existem também outros como o BOVA11 (iShares), que acompanha o IBOVESPA. Para saber mais sobre estes fundos, pesquise sobre o termo ETF (Exchange Traded Funds) no site da Bovespa - www.bovespa.com.br.
 
Para saber mais sobre a compra de títulos do governo por pessoas físicas é só acessar o site do Tesouro Direto: www.tesourodireto.gov.br.

sábado, 2 de maio de 2009

Reconhecimento de Padrões

É interessante como a qualidade de livros de um mesmo autor varia tanto ao longo do tempo. Nem sempre para melhor.

Acabei de ler "Reconhecimento de Padrões" de William Gibson. Não é ruim. Mas também não chega perto de "Neuromancer", que acho ser um dos bons que já li. 

Em "Neuromancer", de 1984, Gibson criou um universo futurista complexo, em que não só previu o advento da Internet como também visualizou com incrível clareza uma infinidade de conceitos como firewalls, hackers e outros, lançando as bases do gênero cyberpunk. Mas o núcleo do livro é mais profundo. Aborda principalmente integilência artifical e tem sucesso em fazer pensar, enquanto consegue manter uma trama movimentada, interessante e convincente. 

Já em "Reconhecimento de Padrões" não vemos nada de revolucionário ou mesmo inovador, como em "Neuromancer". É um livro mediano, em que em algumas situações exigem uma dose de boa vontade do leitor para digerir questões como a doença da protagonista (uma "alergia" a logotipos e marcas registradas ?!?), que apesar de ser muito pouco verossímil, é fundamental na trama. Ou seja, a obra tem algumas premissas muito fracas. Dá para ler, mas...

Enfim, se você quer ler algo de Gibson, procure "Neuromancer". Só depois, eventualmente, "Reconhecimento de Padrões". Se inverter a ordem, corre o risco de mandar um grande autor para a geladeira.

Para conhecer mais sobre as obras de William Gibson, o seu verbete na Wikipedia está bem completo:

Welcome

Havia um clichê, muito repetido nos anos 90: "a Internet é como um livro em que cada um pode escrever uma página".

Eu sempre gostei mais de uma outra versão, que li não sei onde: "a Internet é como um muro em que cada um grafita um pedaço.

Esse blog não tem maiores pretensões do que ser o meu canto da parede. A idéia é apenas registrar as minhas impressões sobre assuntos que considero interessantes, como livros, música, filmes, notícias e outros - a princípio, para mim mesmo e para o Léo, quando ele crescer.

Se for relevante para alguém mais, tanto melhor. Seja bem-vindo. E fique livre para opinar e comentar o que quiser também.