sábado, 16 de maio de 2009

O Fio da Navalha

Existem livros descartáveis, que você lê e esquece. Existem livros bons, dos quais você sempre vai se lembrar. E existem aqueles poucos e raros que fazem com que você queira lê-los uma segunda vez.

No meu caso, o único livro que li (até hoje, pelo menos), e que me fez abrir mão do tempo que poderia usar lendo algo novo para relê-lo, foi "O Fio da Navalha" de Sommerset Maughan, publicado em 1944.

O meu primeiro contato com o livro aconteceu por volta de 1997, por indicação de meu chefe na época. Eu li uma cópia emprestada e gostei, mas aos 23 anos as coisas ainda são um pouco simples demais. Aos 34 eu resolvi comprar meu volume e ler novamente - desta vez, achei fantástico.

A obra é um romance, contado sob o ponto de vista do autor, sobre a vida de alguns amigos americanos que conhece ainda jovem e com quem tem contatos esporádicos. O centro está em Larry Darrel, um garoto relativamente "normal" que tem sua vida alterada por um episódio traumático durante a 2a Guerra, em que lutou como piloto.

A partir do episódio, Larry passa a dedicar-se exclusivamente à busca de um significado maior para sua existência, inicialmente nos livros e posteriormente por caminhos mais espirituais. A busca transcedental leva-o de Paris para minas de carvão em Lens, para a Alemanha e para a Índia, mas os contatos com o narrador são bastante espaçados e breves.

Entre esses contatos, o narrador se fixa sobre o círculo de amizades em comum com Larry, que incluem sua amiga Sophie, sua antiga paixão (Isabel), seu marido (Gray) e seu tio pseudo-aristocrata (Elliot), um contraponto ao próprio Larry. A evolução desses personagens ao longo do texto e a influência que cada aparição de Larry exerce sobre eles, bem como suas opiniões sobre o amigo são a forma usada por Maugham para apresentar a própria transformação do protagonista.

O livro teve duas adaptações para o cinema: uma em 1967 e uma em 1984, mas ainda não assisti a nenhuma delas. Na verdade, não sei nem se me interessa assisti-las. Para mim "O Fio da Navalha" é ótimo do jeito que está e provavelmente, por melhor que sejam os filmes, seriam uma decepção. Prefiro economizar o tempo e usá-lo para lê-lo uma terceira vez. Daqui a uns 10 anos, possivelmente...

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